pt
Books
Mark Twain

O Príncipe e o Mendigo

  • b2025967598has quotedlast year
    O seu corpo estava cheio de feridas, as mãos sangrando, e seus trapos todos sujos de lama.
  • b2025967598has quotedlast year
    Um grande grito se elevou a essas palavras, e um sujeito rude disse:

    – Deveras, és o mensageiro de Sua Alteza, mendigo?

    O rosto do príncipe enrubesceu de raiva, e sua mão ligeira voou para o quadril, mas não havia nada ali. Ouviu-se uma torrente de gargalhadas, e um menino disse:

    – Viram aquilo? Ele imaginava que tinha uma espada... vai ver é o próprio príncipe.
  • b2025967598has quotedlast year
    – Toma isto, filhote de mendigo, pelo que me fizeste receber de Sua Alteza!

    A multidão explodiu em risadas. O príncipe se levantou da lama e investiu feroz para o sentinela, gritando:

    – Sou o príncipe de Gales, a minha pessoa é sagrada, e vais morrer enforcado por teres posto a mão em mim!

    O soldado apresentou armas com a sua alabarda e disse zombeteiro:

    – Saúdo Vossa Graciosa Alteza.

    Depois zangado:

    – Cai fora, seu louco sujo!

    Nesse ponto a multidão zombeteira rodeou o pobre pequeno príncipe e empurrou-o bem para longe na estrada, vaiando-o e gritando:

    – Abram alas para Sua Alteza Real! Abram alas para o príncipe de Gales!
  • b2025967598has quotedlast year
    – Cala-te! É algo vergonhoso e cruel! – gritou o pequeno príncipe, batendo o pé descalço. – Se o rei... Não dês nenhum passo até eu voltar de novo! É um comando!

    Num momento ele tinha agarrado e guardado um artigo de importância nacional que estava sobre uma mesa, e já estava fora da porta voando pelos terrenos do palácio nos seus trapos pendentes, com o rosto rubro e os olhos brilhantes. Assim que chegou ao grande portão, agarrou as grades e tentou sacudi-las gritando:

    – Abram! Destranquem os portões!

    O soldado que tinha maltratado Tom obedeceu prontamente. E quando o príncipe saiu correndo pelo portal, meio sufocado de ira real, o soldado lhe deu um tapa sonoro no ouvido que o mandou rodopiando para a estrada, e disse:
  • b2025967598has quotedlast year
    olharam para o espelho, então de novo um para o outro. Por fim, o perplexo pequeno príncipe disse:

    – O que achas disto?

    – Ah, meu bom senhor, não me peça resposta. Não é adequado que alguém da minha condição pronuncie tal coisa.

    – Então eu vou pronunciá-la. Tens os mesmos cabelos, os mesmos olhos, a mesma voz e maneira, a mesma forma e estatura, o mesmo rosto e expressão que possuo. Se saíssemos nus, ninguém seria capaz de dizer qual dos dois eras tu e qual o príncipe de Gales.
  • b2025967598has quotedlast year
    proibir, acho que eu poderia renunciar à coroa!

    – E se eu pudesse me vestir uma vez, meu doce senhor, assim como está vestido... apenas uma vez...

    – Oh, gostarias disso? Então que seja feito. Despe os teus trapos e veste estes esplendores, menino! É uma felicidade breve, mas nem por isso será menos intensa. Vamos desfrutá-la enquanto for possível e trocar de roupa de novo antes que alguém venha nos molestar.

    Alguns minutos mais tarde o pequeno príncipe de Gales estava ataviado com os retalhos esvoaçantes de Tom, e o pequeno príncipe da Miséria estava adornado com a plumagem brilhante da realeza. Os dois foram se colocar lado a lado diante de um grande espelho, e olhem, um milagre: não parecia haver ocorrido nenhuma mudança! Eles se fitaram, depois
  • b2025967598has quotedlast year
    – No verão, senhor, chapinhamos e nadamos nos canais e no rio, e cada um dá um mergulho no vizinho, borrifa-o com água, mergulha, grita, tropeça e...

    – Daria o reino de meu pai para experimentar isso, nem que fosse só por uma vez! Rogo-te, continua.

    – Dançamos e cantamos ao redor do Maypole em Cheapside. Brincamos na areia, cada um cobrindo o seu vizinho, e às vezes fazemos pastéis de lama... oh, a encantadora lama, não existe outra delícia igual no mundo! Nós chafurdamos bastante na lama, senhor, com o respeito devido à sua senhoria.

    – Oh, rogo-te, não digas mais nada, é maravilhoso! Se eu apenas pudesse me cobrir com vestimentas semelhantes às tuas, descalçar os pés e deleitar-me na lama uma vez, ao menos uma vez, sem ninguém para me censurar ou
  • b2025967598has quotedlast year
    Mas conta-me da tua Offal Court. Tens uma vida agradável ali?
  • b2025967598has quotedlast year
    – Não mais do que a velha Canty, meu senhor.

    – Os pais são iguais, talvez. O meu não tem um temperamento dócil. Bate com a mão pesada, mas me poupa: para dizer a verdade, porém, nem sempre me poupa com a sua língua. Como a tua mãe te trata?

    – Ela é boa, senhor, e não me causa tristeza, nem dor de qualquer tipo. E Nan e Bet são como ela a esse respeito.

    – Quantos anos têm essas?

    – Quinze, se lhe aprouver, senhor.
  • b2025967598has quotedlast year
    – Então a tua avó não é muito bondosa contigo, pelo que vejo?

    – Nem com qualquer outro, se apraz a Vossa Alteza. Ela tem um coração malvado e pratica o mal todos os seus dias.

    – Ela te maltrata?

    – Há momentos em que detém a sua mão, estando adormecida ou dominada pela bebida, mas quando recupera o seu julgamento claro, ela compensa aqueles momentos com boas surras.

    Um olhar furioso brilhou nos olhos do pequeno príncipe, e ele gritou:

    – O quê? Surras?

    – Oh, realmente, sim, se lhe apraz, senhor.

    – Surras! – E tu tão frágil e pequeno. Escuta: antes que a noite venha, ela vai entrar correndo na Torre. O rei, meu pai...
fb2epub
Drag & drop your files (not more than 5 at once)