Esperança para voar

A canção bagunçou suas memórias e desenterrou fantasmas.

Não importa o que aconteça… vocês, crianças, não podem esquecer que nosso país é lindo, e tem um espírito lindo. Não se esqueçam de lutar por ele quando for necessário.

Eu com certeza sou uma daquelas pessoas que pensam que se o copo tá meio vazio, então por que não beber o que tá dentro dele?

– As palavras que ele escrevia davam esperança para as pessoas – Tanyaradzwa disse, decidida. – Eu acho que o seu pai tinha alguma razão pra amar esse lugar. Espera um pouco, e quando você conseguir sentir outra coisa além de dor, vai começar a ver os motivos. Não, as coisas não estão como deveriam. Elas nunca vão voltar a ser como eram antes, mas vão ficar melhores do que agora. A dor vai embora.

Mas então ela percebeu; as duas ansiavam por uma cura. Ela inspirou e fechou os olhos, imaginando o ar tocando suavemente os pedaços quebrados dentro dela.

Confortar uma alma machucada era uma tarefa gigantesca.

– Esse lugar... é culpado pela morte dele… mas é a única coisa que nos conecta. Como é que eu vou amar esse país?

A risada dela se arrastou, durando muito mais tempo do que deveria; como se houvesse um carro quebrado por perto, com as chaves presas e se negando a reiniciar.

Seus olhos estavam quietos. Eles ofereciam um alívio incrível.

– Se você fez isso por minha causa, seja cuidadosa. Já tá parecendo que você tem um coração – Tanyaradzwa aconselhou, com sua voz suave.

Shamiso sorriu.