QUANDO A MORTE FAZ O SEU TROTTOIR
A morte é o preço que se cobra pela mentira, pela covardia ou pela celebração do lado sombrio.
Em dez contos, a morte vai fazer seu trottoir na vingança de quem volta ou no culto a uma deusa da mitologia nórdica.
Ela baila na manhã estrondosa de Vitória, na noite calma de Santa Teresa, no apartamento das estudantes universitárias, na brincadeira maldosa dos antigos colegas do Ensino Médio, no pedido de socorro da enfermaria, na busca de diversão pelo mecânico ou no Parque de Exposições de Mutum. Ela te faz de servo ou te joga nos braços da pessoa amada em uma Salem revisitada. Vaga pelos mistérios de João do Rosário em seu vale de lágrimas.
Como mar bravio a afogar aventureiros, a morte ceifa quem se atreve a brincar no campo das vaidades ou da vontade de ir além do que devia. Mas como maré que devolve para a praia o que não pode ficar na água, a morte devolve para a realidade carnal os que não partiram completamente, os que estão com o coração cheio de rancores, para acertos de conta, sem descontos.